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O artista de hip hop Oxijin fala sobre o cancro colorretal

O artista sul-africano de Hip Hop, Oxijin, também conhecido como Rumacques Gelderbloem, conta-nos como seu diagnóstico de cancro do cólon desafiou sua confiança como homem de 29 anos 

Oxijin, também conhecido como Rumacques Gelderbloem, (35) vive em Worcester, Western Cape.

Quando tinha 29 anos e era um homem saudável que gostava de jogar râguebi numa equipa comunitária, o diagnóstico de cancro de Rumacques foi uma surpresa. Afirma “Mudou completamente a minha atitude perante a vida. Comecei por pensar que era uma coisa negativa, mas o percurso ensinou-me algumas lições.” Contudo foi uma progressão longa para ver o diagnóstico de uma forma positiva, tal como o faz agora. 

Diagnóstico

Em 2015, Rumacques teve fortes dores de estômago e tinha dificuldade em comer. Ele explica que não teve outra alternativa, senão ir ao hospital. Depois da colonoscopia o diagnóstico confirmou que tinha cancro do cólon. O tumor localizava-se a apenas centímetros do reto e foi-lhe dito que a cirurgia era única opção para remover o tumor. 

Os médicos informaram-no ainda de que era possível que precisasse de um estoma e explicaram-lhe como isto poderia afetar a sua vida. “Não aceitei bem esta notícia. Pôs em causa a minha confiança, como homem de 29 anos. Se o resultado da cirurgia fosse a necessidade de um estoma, então seria necessário apoio psicológico. Só vi a parte negativa na possibilidade de ter de me adaptar.”

A cirurgia foi um sucesso e felizmente não foi necessário um estoma. Contudo, detetou-se que o cancro se tinha espalhado para 17 gânglios linfáticos. Como tal, o artista de Hip Hop submeteu-se a um ano de tratamento de quimioterapia num hospital público. O amor, o carinho e o apoio que recebeu dos enfermeiros da oncologia deram-lhe aquele empurrão extra para vencer esta batalha. “São anjos que nunca esquecerei”, afirma.

Quando lhe perguntam se ficou aliviado quando lhe disseram que não tinha sido necessário um estoma, Rumacques responde: “Não poderia ter sentido um alívio primário ou secundário, porque fiz na mesma a cirurgia. Deixei de poder praticar desporto e agora posso apenas praticar râguebi de contacto, não posso correr num campo aberto sem medo de me lesionar. Pesava 130 kg e ao fim de poucos meses o meu peso era de 77 kg. Não foi apenas uma perda de gordura, foi também uma perda de orgulho. O diagnóstico levou o meu orgulho. Para uma pessoa sem qualquer referência sobre o que era estar doente, nada disto foi um alívio, quando penso no assunto.”

Gerir os efeitos secundários da quimioterapia

A quimioterapia trouxe vários efeitos secundários, tal como úlceras na boca e náuseas. Rumacques decidiu recorrer à canábis para ajudar com esta questão. E acrescenta, “não tive nenhum apoio psicológico com o meu diagnóstico e, por isso, passei por muito sofrimento mental. Este foi outro dos motivos que me levou a recorrer à canábis, quer em óleo, quer fumada. Achei que o THC aliviava o sofrimento psicológico, permitia-me concentrar e aprofundava a minha razão de viver, enquanto o CBD me acalmava fisicamente. Também cozinhava com a canábis e adicionava-a ao meu chá.”

Mudanças de atitude e de vida

Quando o músico foi diagnosticado e foi submetido à cirurgia, foi-lhe conferida uma incapacidade durante dois anos para se focar na sua recuperação. Após a cirurgia, o seu pai, Nolan levava-lhe batidos proteicos todas as manhãs. Este apoio que recebeu do pai deu-lhe uma motivação adicional para se levantar e voltar a andar. 

Rumacques decidiu comer menos amido e evitar líquidos gaseificados com açúcar. Após a recuperação completa, tento fazer tanto exercício quanto possível. Caminha com frequência, joga râguebi de contacto e quando lhe apetece faz jogging.

Foi durante a sua recuperação que aprendeu a ser humilde. “Era difícil para mim não conseguir lavar-me sozinho no início, mas, ao longo do processo, a minha humildade foi sedimentada porque dependia do apoio da minha família imediata. Percebi a importância das ‘nossas pessoas’. As pessoas são o meu novo capital.” 

Depois de passar por esta jornada do cancro do cólon, Rumacques afirma, “O que importa é a oportunidade de experienciar a vida em todas as suas formas. A beleza das diferentes estações do ano. O alívio de perdoar e de esquecer os erros. Andar e afinar o meu ouvido ao som da minha respiração. Posso gozar minha vida e a dos outros muito mais do que antes. O cancro revelou a minha capacidade de iluminar todos os momentos através da paixão e dos objetivos. Vivo de forma intencional e já não tenho espaço mental para indecisões.”

A viver a sua melhor vida

Em 2017, foi convidado pela Cancervive a partilhar o seu percurso oncológico e a atuar na sua digressão educacional ao longo da Costa Ocidental, tendo depois repetido em 2019. “Agradeço à Cancervive por me permitir partilhar a minha história e me ter dado outra plataforma para educar as pessoas sobre o cancro”, refere.

Seis anos após o seu diagnóstico, Rumacques está a viver a sua vida ao máximo. Continua a realizar a sua paixão ao fazer música na sua língua materna, o Afrikaans, na indústria do Hip Hop sob o seu nome artístico, Oxijin. É ainda apresentador freelancer na Pasella (SABC 2) e Klop! (kykNET) e foi recentemente à Namíbia em nome de uma campanha contra o suicídio. Resumindo, Rumacques está a fazer a sua parte para transformar o mundo num sítio melhor e mais amável.

 

Editor: Laurelle Williams

Contribuidor: Laurelle é Editora na Word for Word Media e formou-se na AFDA com um grau de bacharelato em atuação ao vivo. É apaixonada por contar histórias e partilhar emoções através do poder das palavras. O seu objetivo é educar, encorajar e, acima de tudo, mostrar que há sempre esperança. Contacto: editor@buddiesforlife.co.za

Créditos de fotografiaIrvin van Rooy e S.V.E media.

Publicado originalmente em oncologybuddies.com

 

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