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Calendário científico abril 2020

Os analisadores XN-Series detetam e resolvem automaticamente interferências na medição?

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Informação científica de suporte

O ácido hialurónico (AH), também designado de “hialuronano”, é um componente da matriz extracelular amplamente distribuído através dos tecidos conjuntivo, epitelial e neuronal. Quimicamente, é um glicosaminoglicano aniónico não sulfatado que forma polímeros de elevado peso molecular. Fisiologicamente, o AH contribui significativamente para a proliferação e migração celular, assumindo diversas funções em tecidos diferentes. Por exemplo, apresenta um papel lubrificante nos tecidos conjuntivos musculares, envolvimento na reparação tecidular da pele, ou um componente lubrificante no líquido sinovial. Foram propostos uma série de mecanismos relacionados com o envolvimento do AH na malignidade dos tumores. A concentração de AH encontra-se aumentada em várias doenças inflamatórias e vários carcinomas, incluindo bexiga, próstata, mama, pulmão e cólon [1]. Foi correlacionado proximamente com o crescimento de células tumorais, proliferação, metástases e angiogénese. Foi demonstrado em alguns estudos que células altamente metastáticas produzem níveis de AH mais elevados do que as células com baixa atividade metastática [2].

A hialuronidase é uma enzima que catalisa a degradação do ácido hialurónico, baixando a sua viscosidade, o que conduz a um aumento da permeabilidade da membrana do tecido. Os níveis de hialuronidase estão elevados em muitos cancros [1]. As hialuronidases são uma família de cinco enzimas humanas, nomeadamente hialuronidase 1 4 e PH20. Três destas enzimas têm atividade mensurável na hidrólise endolítica do AH, uma atua principalmente no sulfato de condroitina e a atividade da quinta ainda não foi completamente determinada, embora seja inativa em relação ao AH.

A hialuronidase-1 (Hyal1) é a hialuronidase oncoderivada principal. Clinicamente, a expressão da Hyal1 pode ser utilizada como marcador diagnóstico no rastreio de tecido benigno e previsão da progressão invasiva subsequente em cancro da mama [3]. A sobreexpressão de Hyal1 em cancro da mama aumenta a motilidade e crescimento independente de ancoragem in vitro e a angiogénese in vivo. Os níveis de Hyal1 são elevados em duas linhas celulares de cancro da mama (designadamente MDA-MB-231 e MCF-7) e nos gânglios linfáticos com metástases em doentes com cancro da mama [4].

A expressão de Hyal2 foi correlacionada com a progressão de vários cancros através da utilização de anticorpos específicos para as isoenzimas. Em alguns casos, foi descrita uma diminuição da expressão da Hyal2, por exemplo num pequeno estudo sobre cancro do pulmão humano [5] ou em cancro do endométrio, comparativamente com tecido normal [6]. Pelo contrário, a expressão de Hya2 aumentou significativamente em melanomas pré-malignos e malignos [7] e em amostras de cancro da mama, especificamente nas margens de expansão de cancro da mama invasivo [4, 8]. Os restantes três membros da família das hialuronidases humanas (Hyal3, Hyal4 e PH-20) foram menos estudados em relação ao cancro.

A hialuronidase demonstrou potencial em termos de utilidade clínica para melhorar a absorção de fármacos extravasados para a circulação, a partir de onde podem ser metabolizados. É utilizada em muitos domínios, por exemplo, para melhorar a absorção de fluidos administrados por injeção subcutânea ou intramuscular ou para melhorar a difusão de anestésicos locais. Para além disso, é utilizada para aumentar a ação de fármacos oncológicos, por melhoria da penetração do fármaco no tumor; é neste contexto que reside a utilidade clínica da hialuronidase.

O ácido hialurónico pode ser encontrado em amostras de sangue em EDTA de doentes com adenocarcinoma e pode conduzir a interferências relacionadas com sistema de reagentes utilizado. Os analisadores Sysmex’ XN-Series utilizam diferentes canais de medição com reagentes patenteados para aumentar as características específicas das células. Num perfil de medição CBC+DIFF, quer o canal WNR quer o canal WDF são utilizados para contar e diferenciar os leucócitos. Ambos os canais de medição utilizam um conjunto de reagentes completamente diferente, contendo um reagente de lise e de fluorescência. Enquanto o reagente de lise no canal WNR danifica extensamente as membranas celulares de todos os leucócitos exceto dos basófilos, o reagente de lise no WDF perfura as membranas celulares deixando a maioria das células intactas. Assim, podem observar-se diferenças na contagem de leucócitos entre os canais WNR e WDF e são inclusivamente utilizadas pelo analisador XN-Series para detetar interferências nos canais de medição.

Resultados numéricos

Os resultados do hemograma completo encontram-se dentro do intervalo de referência.

Interpretação do diagrama de dispersão

São apresentados abaixo os diagramas de dispersão WNR e WDF de uma doente com carcinoma mamário com metástases ósseas e hepáticas em progressão sob tratamento com capecitabina, determinados com um analisador hematológico XN-Series.

O canal WNR apresenta fragmentação intensa conduzindo à sinalização “WBC Abn Scattergram” (diagrama de dispersão de leucócitos anómalo) enquanto o diagrama de dispersão WDF apresenta uma distribuição celular completamente normal. Poderia ser colocada a hipótese de uma associação entre um aumento da lise ou agregação de leucócitos no canal acídico WNR e a presença de um adenocarcinoma.

A hipersecreção de ácido hialurónico nesta doente poderia ser responsável por uma agregação ou hiperlise dos leucócitos apenas na presença do reagente acídico do canal WNR, mas não com os reagentes utilizados no canal WDF. A contagem de leucócitos gerada pelo canal WNR encontra-se falsamente diminuída, ao passo que a contagem nos canais WDF e WPC não é afetada por este fenómeno [9]. Assim, os algoritmos dos analisadores da XN-Series detetam esta interferência e reportam automaticamente a contagem de leucócitos correta obtida no canal WDF indicada como WBC&D.

O analisador produziu também a sinalização “IG present” que informa o utilizador sobre uma contagem aumentada de granulócitos imaturos, representando neste caso 2,7% dos leucócitos totais. Esta situação resulta da infiltração e substituição ao nível das células da medula óssea devido às metástases e é consistente com a confirmação clínica da presença de metástases remanescentes ao nível da medula óssea (mieloptise), pelo que a doente necessitaria de ser monitorizada sob tratamento contínuo.

Diagramas de dispersão dos canais de medição WNR e WDF

Referências

[1] Tan JX et al. (2011) Upregulation of HYAL1 Expression in Breast Cancer Promoted Tumor Cell Proliferation, Migration, Invasion and Angiogenesis. PLoS ONE 6(7): e22836.

[2] McAttee CO et al. (2014) Emerging roles for hyaluronidase in cancer metastasis and therapy. Adv Cancer Res. 2014 ; 123: 1–34.

[3] Poola I et al. (2008) Molecular risk assessment for breast cancer development in patients with ductal hyperplasias. Clin Cancer Res. 14:1274–80.

[4] Tan JX et al. (2011) HYAL1 overexpression is correlated with the malignant behavior of human breast cancer. Int J Cancer. 2011a;128:1303–15.

[5] Li R et al. (2007) Genetic deletions in sputum as diagnostic markers for early detection of stage I non-small cell lung cancer. Clin Cancer Res. 13:482–87.

[6] Nykopp TK et al. (2010) Hyaluronan synthases (HAS1-3) and hyaluronidases (HYAL1-2) in the accumulation of hyaluronan in endometrioid endometrial carcinoma. BMC Cancer. 2010;10:512.

[7] Siiskonen H et al. (2013) Inverse expression of hyaluronidase 2 and hyaluronan synthases 1-3 is associated with reduced hyaluronan content in malignant cutaneous melanoma. BMC Cancer. 2013;13:181.

[8] Udabage L et al. (2005) The over-expression of HAS2, Hyal-2 and CD44 is implicated in the invasiveness of breast cancer. Exp Cell Res. 2005;310:205–17.

[9] Nguyen VTP et al. (2015) Spurious decrease in the WBC count measured by the WNR channel of XN haematology analyser (Sysmex) could be associated with metastatic adenocarcinoma. Int J Lab Hematol. 37(5) e129-e132

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