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Calendário científico novembro 2020

Como é que os linfócitos neoplásicos são detetados no canal de medição WPC? 

As membranas celulares dos linfócitos neoplásicos são mais maduras e mais facilmente permeáveis, provocando sinais de fluorescência mais altos.

As membranas celulares são ligeiramente perfuradas, mantendo, em larga medida, as células intactas. O marcador fluorescente liga-se aos ácidos nucleicos intracelulares (principalmente ao ARN).

Os sinais de dispersão luminosa lateral dos linfócitos neoplásicos são mais baixos do que os demais leucócitos.

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Informação científica de suporte

O linfoma de células do manto (LCM) é um tipo específico de linfoma, sendo a causa mais comum de doença oncológica sanguínea [1]. Os linfomas caracterizam-se pela proliferação descontrolada de linfócitos, uma subpopulação de leucócitos, formando um grupo heterogéneo de patologias.

No corpo humano existem diferentes subpopulações de linfócitos, incluindo as células T e células B. Os linfomas são provocados por células B e/ou células T malignas e subdividem-se em linfomas Hodgkin (LH) e linfomas não Hodgkin (LNH). O linfoma de células do manto é um tipo raro de linfoma das células B, pertencendo, portanto, ao grupo dos LNH [1].

O nome “linfoma de células do manto” decorre da etiologia das células malignas, que têm origem na zona do manto do gânglio linfático. Estas células B neoplásicas viajam através do corpo, formando massas tumorais periféricas. Esta patologia é considerada agressiva e de progressão rápida. De acordo com a classificação de linfomas da OMS, existe um segundo tipo indolente (de desenvolvimento lento) de linfoma de células do manto, o qual é também incurável e pode desenvolver uma forma agressiva [2].

O número aumentado de linfócitos neoplásicos no sangue dos doentes é detetado no hemograma completo, levando, assim, a um procedimento subsequente de diagnóstico diferencial, até que o diagnóstico final seja possível.  

Um dos maiores desafios na citologia é a diferenciação de linfócitos nos esfregaços sanguíneos uma vez que aparecem sob múltiplos tipos e as doenças são variadas. Para além da experiência do perito, a base dos achados sanguíneos citológicos qualificados é a existência de uma nomenclatura padronizada, especialmente no caso em que existam alterações linfocitárias. Podem ser libertados na circulação periférica linfócitos de aparência pouco usual devido a doenças reativas (por exemplo, infeções virais) e a neoplasias (por exemplo, linfomas). De acordo com a classificação linfocitária de 2011, estes linfócitos são descritos como “atípicos”, independentemente da sua causa. Neste contexto, “atípico” significa que, quando submetidos a uma coloração através do método Pappenheim, estes linfócitos têm uma aparência diferente da dos linfócitos típicos ou dos grandes linfócitos granulares (GLG) [3].

Examples of typical and atypical lymphocytes

A caracterização imunofenotípica, diagnósticos histológicos e análise citogenética e genética molecular complementares são essenciais para a subsequente classificação celular e avaliação do prognóstico.

Utilizando um sistema de reagentes engenhoso, os analisadores Sysmex XN-Series permitem diferenciar as células através da sua funcionalidade, superando as limitações da análise morfológica, permitindo tirar conclusões sobre

  • a maturidade de uma célula,
  • a malignidade de uma célula e
  • o estado de ativação de uma célula [4].

Resultados numéricos

Foi analisada no laboratório uma amostra de sangue periférico de um homem de 60 anos sem história clínica relevante. A história familiar do doente incluía o diagnóstico de um linfoma Hodgkin da mãe. A análise revelou leucocitose marcada juntamente com anemia (HGB = 73 g/l ou 4,5 mmol/l) e trombocitopenia severa (PLT = 13 x109/l). Numa nova amostra de sangue, uma segunda análise, incluindo o canal PLT-F, confirmou a trombocitopenia severa com um resultado de plaquetas de PLT-F = 8 x109/l. Nestes casos, a questão é sempre se a natureza dos linfócitos é de origem reativa ou neoplásica.

Interpretação do diagrama de dispersão

Utilizando o perfil de medição CBC+DIFF num analisador XN, os leucócitos são contados no canal de medição WNR e diferenciados no canal de medição WDF. No diagrama de dispersão WDF deste doente, as subpopulações leucocitárias não puderam ser claramente separadas, o que conduziu a uma mensagem de aviso “Blasts/Abn Lympho?” (blastos/linfócitos anómalos?). Quer os linfócitos reativos quer as células de linfoma apresentaram uma fluorescência aumentada (ver aglomerado cinza).

O canal WPC é um canal de medição adicional para identificar células precursoras e patológicas leucocitárias que utiliza um conjunto específico de reagentes que influenciam a permeabilização da membrana celular. Esta tecnologia avançada permite separar células suspeitas de serem malignas de células saudáveis.

É provocado um grau elevado de lesão na membrana celular pelo reagente de lise WPC, que leva à extravasão dos componentes celulares através dos poros, conduzindo a um tamanho celular reduzido. Adicionalmente, pode penetrar mais marcador fluorescente na célula, podendo, assim, ligar-se inclusivamente ao ADN nuclear, provocando uma maior intensidade no sinal fluorescente. Os linfócitos neoplásicos apresentam uma maior maturidade na estrutura da sua membrana do que, por exemplo, os blastócitos sendo, como tal, mais facilmente permeáveis e apresentando um sinal fluorescente mais elevado. Neste caso, foi desencadeada a mensagem de aviso “Abn Lympho?” (linfócitos anómalos?) o que indica uma suspeita de linfócitos neoplásicos.

Uma análise subsequente por citometria de fluxo confirmou a presença de uma grande população de células B monoclonais com um fenótipo compatível com um linfoma de células do manto (ver resultados detalhados abaixo).

Resultados de imunofenotipagem

O número absoluto de células B monoclonais foi de 57,59 x 109/l com 91% linfócitos, 0,2% células T CD3+, 0,1% células NK. A razão CD4/CD8 foi de 2,0.
91% das células B CD19+ anómalas com este fenótipo: Kappa++, CD19+, CD20++, CD5+, CD38zw+, FMC7+, CD79b+, CD43-, CD10-, CD200-, razão K/L monoclonal: >10, CD23 possivelmente um positivo baixo (ruído de fundo elevado).

Para além disso, a biópsia da medula óssea indicou que 70% da medula óssea se encontrava invadida por um linfoma não Hodgkin de pequenas células B, o qual era imuno-histoquimicamente mais coerente com um linfoma de células do manto.

Referências

[1] Fact sheet ‘Mantle Cell Lymphoma’ from lymphoma.org. Access date 03.09.2020.

[2] Swerdlow SH et al. (2016) The 2016 revision of the World Health Organization classification of lymphoid neoplasms. Blood127(20): 2375–2390. https://doi.org/10.1182/blood-2016-01-643569.

[3] SEED ‘Lymphocyte differentiation update – helpful or dispensable?

[4] Sysmex white paper ‘Going beyond the visible: Reliable characterisation of WBC functionality.’

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