Sysmex Portugal
Menu

Calendário científico maio 2022

Atipia celular urinária como indicador de cancro da bexiga

Verdadeiro ou falso? Cancro da bexiga…

afeta principalmente indivíduos com idade inferior a 30 anos.

é um dos tipos de cancro mais comuns em indivíduos do sexo masculino.

é facilmente tratável apenas por quimioterapia.

não apresenta uma taxa de recorrência elevada.

é causado principalmente pelo tabagismo.

requer um seguimento rigoroso por citoscopia após o tratamento.

Congratulations!

That's the correct answer!

Sorry! That´s not completely correct!

Please try again

Sorry! That's not the correct answer!

Please try again

Notice

Please select at least one answer

Informação científica de suporte

Cancro da bexiga

O cancro da bexiga é o sexto tipo de cancro mais comum em indivíduos do sexo masculino, com uma idade mediana no momento do diagnóstico de 69 anos. O tabagismo é o principal fator para o desenvolvimento do cancro da bexiga, responsável por até 65% dos casos em homens e por até 30% dos casos em mulheres. Os fatores de risco adicionais incluem a exposição a substâncias químicas, predisposição devida a questões étnicas e genéticas, história clínica e familiar de cancro da bexiga, tratamento oncológico prévio, infeções recorrentes da bexiga e consumo de água de poços contaminados com arsénico [1].

Em geral, o cancro da bexiga pode distinguir-se em cancro não músculo-invasivo (NMIBC) e cancro músculo-invasivo (MIBC). O NMIBC (estádios 0 e 1) começa como carcinoma in situ, no qual as células uroteliais da bexiga degeneraram e se desenvolveu um tumor papilar que alcança o lúmen da bexiga mas que é limitado ao urotélio e à lamina propria subjacente. O MIBC começa com a invasão do tumor na camada muscular (estádio 2) desenvolvendo-se posteriormente para a camada adiposa e tecidos reprodutivos (estádio 3a) e para os gânglios linfáticos proximais (estádio 3b). No estádio final, as células tumorais espalham-se através do corpo, provocando a formação de metástases (estádio 4) [2]. O prognóstico em termos de sobrevivência dos indivíduos a quem foi diagnosticado um cancro da bexiga depende marcadamente do momento do diagnóstico e diminui com a progressão para estádios mais avançados da doença oncológica [3].

Uma vez que não estão implementados programas padronizados para o rastreio do cancro da bexiga, o mesmo é frequentemente descoberto acidentalmente no contexto de sintomas relacionados com o cancro da bexiga, tais como, dor abdominal e hematúria macroscópica. As técnicas de diagnóstico mais usuais incluem a citologia urinária e citoscopia, seguida de exames imagiológicos avançados, histopatologia e diagnóstico molecular. Enquanto a citologia urinária é uma investigação microscópica de células urinárias com coloração de Papanicolaou ou com outros corantes comparáveis, a citoscopia é um procedimento endoscópico invasivo para avaliação do urotélio vesical [4].

As opções de tratamento do cancro da bexiga dependem de uma série de parâmetros, incluindo o estadiamento oncológico, o tamanho e a localização do tumor, bem como as suas características genéticas. As opções de tratamento incluem desde ressecção transuretral (TURBT), quimioterapia, radioterapia e imunoterapia até à cistectomia radical e são frequentemente aplicadas em combinação, numa abordagem multimodal [4,5].

O cancro da bexiga não músculo-invasivo apresenta uma elevada taxa de recorrência de até 60% durante o primeiro ano após tratamento e de até 70% ao quinto ano após tratamento. Assim, recomenda-se uma vigilância rigorosa através da realização de citoscopias trimestrais [6].

Células atípicas no analisador UF-Series

Através de citometria de fluxo por fluorescência, o analisador UF-Series permite a deteção de células atípicas (Atyp. C) e a sua diferenciação de células sem atipia a partir de amostras urinárias. As células atípicas são libertadas a partir do urotélio e apresentam alterações suspeitas para malignidade, incluindo um núcleo aumentado, uma razão N:C elevada e um número de nucléolos aumentado [7].

O potencial do parâmetro Atyp.C na deteção de cancro da bexiga foi objeto de investigações científicas. Aydin et al. [8] demonstraram o potencial do analisador UF-Series em combinação com o UD-10 na deteção de neoplasias em caso de carcinoma urotelial de grau elevado recorrente, em contexto ambulatório. Tınay et al. [9] demonstraram o potencial de Atyp.C no apoio às decisões diagnósticas em contexto de vigilância de cancro da bexiga em doentes com história conhecida de cancro da bexiga, em particular com cancro da bexiga não músculo-invasivo (NMIBC) de baixo risco, tendo concluído sobre o potencial de redução de realização de citoscopias invasivas para o doente. Em doentes com suspeita de diagnóstico de carcinoma urotelial, Ren et al. [10] demonstraram a capacidade preditiva de Atyp.C com uma boa concordância com a citopatologia, concluindo sobre o seu potencial como teste acessório em carcinomas uroteliais em contexto de diagnóstico urinário de rotina.

Aviso:
O parâmetro Atyp.C destina-se apenas a ser utilizado em investigação.

Resultados numéricos

No presente caso, um doente do sexo masculino com 69 anos acorreu à clínica com sintomas de infeção do trato urinário, incluindo febre ligeira e disúria. De forma a clarificar os sintomas, foi pedida uma análise urinária de rastreio. Após investigação de uma amostra de urina no analisador UF-5000, foi confirmada a suspeita de ITU através da presença de 2079,8 células bacterianas por µl, acompanhada por hematúria e leucocitúria ligeiras.

Adicionalmente, a análise laboratorial revelou a presença de 3,0 células atípicas (Atyp.C) por µl. A análise microscópica incluindo UD-10 confirmou a presença de células atípicas com núcleos de grandes dimensões e nucléolos proeminentes. Com base nestes achados, foi realizada uma citoscopia para confirmação dos resultados da análise urinária, conduzindo a um diagnóstico de cancro da bexiga.

Conclusão

A citometria de fluxo apresenta potencial para detetar células malignas no contexto de carcinomas uroteliais e pode ser empregue na deteção de cancro da bexiga, particularmente na vigilância de doentes com cancros da bexiga conhecidos, através do reconhecimento de células urinárias atípicas, com o objetivo de reduzir a realização de citoscopias invasivas.

Referências

[1] Torre LA et al. (2015): Global cancer statistics, 2012. CA Cancer J Clin 65(2):87–108.
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/25651787/#:~:text=Based%20on%20GLOBOCAN%20estimates%2C%20about,65%25%20of%20cancer%20deaths%20worldwide.

[2] Sanli O et al. (2017): Bladder cancer. Rev Dis Primers 3:17022. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28406148/

[3] Ripoll J et al. (2021): Cancer-specific survival by stage of bladder cancer and factors collected by Mallorca Cancer Registry associated to survival. BMC Cancer 21:676. https://bmccancer.biomedcentral.com/track/pdf/10.1186/s12885-021-08418-y.pdf

[4] Lenis AT et al. (2020): Bladder CANCER – a Review: JAMA 324(19):1980–1991. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33201207/

[5] Ploussard G et al. (2014): Critical Analysis of Bladder Sparing with Trimodal Therapy in Muscle-invasive Bladder Cancer: A Systematic Review. Eur Urol 66(1):120–137. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/24613684/

[6] van der Heijden and Witjes (2009): Recurrence, Progression, and Follow-Up in Non-Muscle-Invasive Bladder Cancer. European Urology Supplements 8:556–562. https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S1569905609000578?via%3Dihub   

[7] Mokhtar A et al. (2010): Diagnostic significance of atypical category in the voided urine samples: A retrospective study in a tertiary care center. Urol Ann 2(3):100–106. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/20981196/

[8] Aydin O (2021): Atypical cells parameter in Sysmex UN automated urine analyzer: feedback from the field. Turk J Biochem; Diagnostic Pathology 16:9. https://diagnosticpathology.biomedcentral.com/track/pdf/10.1186/s13000-021-01068-5.pdf

[9] Tınay İ et al. (2020): “Atypical Cell” Parameter in Automated Urine Analysis for the Diagnosis of Bladder Cancer: A Retrospective Pilot Study. Bull Urooncol 19(1):17–19. http://cms.galenos.com.tr/Uploads/Article_36890/UOB-19-17-En.pdf

[10] Ren C et al. (2020): Investigation of Atyp.C using UF-5000 flow cytometer in patients with a suspected diagnosis of urothelial carcinoma: a single-center study. Diagn Pathol 15(1):77. https://diagnosticpathology.biomedcentral.com/track/pdf/10.1186/s13000-020-00993-1 

Copyright © Sysmex Europe SE. All rights reserved.