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Calendário científico junho 2022

Produtos sanguíneos leucorreduzidos asseguram a segurança transfusional

Com que objetivo se leucorreduzem os concentrados eritrocitários?

Para prolongar a sua validade

Para reduzir os acontecimentos adversos transfusionais e a transmissão de doenças infecciosas

Para reduzir as incompatibilidades devidas a grupo sanguíneo

Para colher leucócitos para transfusão

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Informação científica de suporte

As transfusões de sangue inteiro e aférese podem salvar vidas e são diariamente necessárias em larga escala, a nível mundial. A doação, fabrico e transfusão de hemocomponentes constituem um processo complexo que requer padrões de qualidade muito elevados para manter a saúde de dadores e recetores.

São necessários procedimentos múltiplos antes de se administrar uma transfusão de sangue inteiro ou aférese a um doente necessitado. Os hemocomponentes podem ser concentrados de plasma, concentrados eritrocitários ou concentrados de plaquetas, derivados da separação a partir de doações de sangue inteiro ou de aférese (um procedimento especial em que se colhe apenas o componente de interesse).

Um destes passos de fabrico é um processo designado de “leucorredução” ou “leucodepleção”, cujo objetivo é minimizar a presença dos leucócitos do dador no hemocomponente. A intenção global é a redução de reações não hemolíticas febris ou doença do enxerto contra o hospedeiro (DECH) e para evitar a aloimunização HLA ou a transmissão de agentes patogénicos tais como o citomegalovírus (CMV) [1].

Entre o final dos anos 90 e o início deste século, a maioria dos países industrializados estabeleceu um passo de leucorredução no seu procedimento padrão durante a produção de hemocomponentes. No entanto, diversas orientações estabelecem limites distintos para o controlo de qualidade do passo de leucorredução. A diretiva europeia estabelece que é necessário que mais de 90% dos hemocomponentes testados contenham menos de 1 x 106 leucócitos residuais por unidade para libertação para administração aos doentes [2]. Os leucócitos são removidos por um filtro que se encontra geralmente ligado ao saco para sangue utilizado durante a colheita.

Para monitorizar a eficácia do passo de leucorredução, as doações sanguíneas são avaliadas no que toca ao seu teor em leucócitos residuais. Para além disso, é frequentemente realizada também uma verificação de eritrócitos residuais (em concentrados de plasma e de plaquetas). Apesar de o fundamento principal para a leucorredução ser a prevenção de acontecimentos adversos transfusionais, tais como a transmissão de microrganismos albergados pelos leucócitos ou o desenvolvimento de reações transfusionais febris, no caso dos eritrócitos pretende-se reduzir a ocorrência de acontecimentos adversos potenciais devidos à falta de coincidência de grupo sanguíneo [3].

Recentemente, a transfusão de sangue inteiro leucorreduzido foi objeto de atenção depois de um grupo de investigação canadiano ter demonstrado que o crescimento bacteriano nestas unidades de sangue inteiro não coloca os doentes recetores de transfusão em risco [4]. Este tipo de transfusão pode ser particularmente útil em doentes com traumatismos.

Interpretação do diagrama de dispersão

Informação sobre um caso de doente

O doente internado recebeu vários concentrados eritrocitários do banco sanguíneo do hospital durante uma cirurgia. Apesar do sucesso da mesma, o doente desenvolveu febre e sinais de uma reação imunitária horas após o fim da cirurgia. Foi colhida e analisada uma amostra sanguínea que revelou a presença de leucocitose, confirmando a suspeita de ativação do sistema imunitário.

Interpretação do histograma e do diagrama de dispersão

O histograma eritrocitário obtido pelo analisador XN-Series revelou um duplo pico e foi, consequentemente, sinalizado pelo analisador como apresentando uma distribuição eritrocitária anómala e uma presença de população dismórfica (“RBC Abn distribution” e “Dimorphic Population”). O duplo pico do histograma é um fenómeno bastante comum, resultante da presença de duas populações de eritrócitos no doente — a população eritrocitária do próprio doente e a população eritrocitária adquirida a partir do concentrado da transfusão.

Causa de base

Uma vez que o doente não apresentou sinais de infeção nem de inflamação na zona da ferida, a causa mais provável era uma contaminação do concentrado eritrocitário administrado com leucócitos derivados do dador de sangue.

Um imunoensaio serológico confirmou a infeção do doente pelo citomegalovirus (CMV), o qual, tipicamente, reside nos leucócitos. O doente não tinha história de infeção pelo CMV tendo-se, como tal, concluído que o vírus foi transmitido através da transfusão de um dos concentrados eritrocitários. Determinou-se retrospetivamente que um dos concentrados eritrocitários se encontrava contaminado com leucócitos do dador infetados pelo CMV.

Avaliação de qualidade de hemocomponentes

Para garantir a qualidade e a segurança dos concentrados eritrocitários (ou de outros hemocomponentes fabricados), os bancos sanguíneos avaliam o sucesso do processo de leucorredução. Durante a medição da leucorredução de um hemocomponente com analisadores XN-Series no modo de banco sanguíneo (Blood Bank), podem quantificar-se os leucócitos e eritrócitos residuais [3,5]. Este processo ajuda a identificar unidades transfusionais contaminadas, de forma a melhorar a segurança das transfusões. É apresentado abaixo o diagrama de dispersão de um concentrado eritrocitário contaminado com leucócitos. A concentração de leucócitos residuais não deve exceder 1 x 106 leucócitos por unidade. No exemplo abaixo, a concentração é de 2.656 x102/µl. Considerando que uma unidade média de eritrócitos tem cerca de 250 ml, esta unidade particular teria sido identificada como contaminada pelo pessoal e, consequentemente, descartada para evitar a ocorrência de quaisquer danos a um doente.

Referências

[1] Mack S et al. (2020): Component residual white blood cell counting made easy? Transfusion, 60(1): 4 – 6. Free online: https://doi.org/10.1111/trf.15642

[2] European Directorate for the Quality of Medicines & HealthCare: Guide to the preparation, use and quality assurance of blood components. 19th ed. 2017, Council of Europe, Strasbourg, France.

[3] Cavagnetto C et al. (2020): Residual red cells in blood components: A multisite study of fully automated enumeration using a hematology analyzer. Transfusion, 61(2): 568 – 578. Free online: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/trf.16196

[4] Ramirez-Arcos S et al. (2022): Assessment of bacterial growth in leukoreduced cold-stored whole blood supports overnight hold at room temperature prior to filtration: A pilot study. Vox Sang. Online ahead of print.

[5] Lagerberg JW et al. (2020): Improved accuracy in counting residual white blood cells in red cell concentrates using new blood bank mode software of SYSMEX XN-1000 hematology analyzer. Transfusion, 60(10): 2456 – 2457.

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